Quais são os programas (softwares) de detalhamento de estrutura metálica usados no Brasil
O primeiro post teve uma repercussão muito grande e recebi informações e opiniões suficientes para revisar o conteúdo sobre os programas de detalhamento.
Escolher qual software usar para o detalhamento não é uma tarefa fácil e todas as opções têm pontos positivos e negativos. Aqui estamos falando apenas de modelos de detalhamento, para os outros tipos, veja nosso artigo específico. Vou tentar comparar as diferentes alternativas nos pontos mais relevantes:
- Quais são os principais softwares no mercado brasileiro;
- Qual a produtividade;
- Qual o custo;
- Quais oferecem mais mão de obra qualificada;
- Quais são mais fáceis de treinar novos usuários;
- E por fim um resumo de cada um com suas características
- Qual foi a nossa escolha e quais os planos de futuro
Principais softwares no mercado brasileiro
Atualmente os programas de detalhamento de estruturas metálicas mais usados no Brasil, por número de usuários, são:
- Tecnometal
- Autocad
- Tekla Structures
- Advance Steel
- SDS/2
Não há como confirmar o número de licenças de cada uma das plataformas, e a ordem acima é uma estimativa feita a partir de opiniões de pessoas do mercado. Outros programas como o Revit e Naviswork não servem para detalhamento de estruturas e não encontramos nenhuma empresa que use para este fim. São softwares de grande importância no mercado e serão utilizados para compartilhamento de modelos, mas não para o trabalho de detalhamento Veja nosso artigo sobre o Revit e projetos de estrutura metálica.
Qual a produtividade de cada software
A produtividade pode ser medida em toneladas de estrutura detalhada por homem hora (ton/hh). Uma comparação apurada é difícil, e mais uma vez estamos no plano das opiniões e percepções de profissionais da área. Mas numa escala de 0 a 10, as produtividades do softwares seriam algo como:

Qual o custo de cada software
Os custos sofrem variações em função das promoções ocasionais e valor do câmbio, mas em valores de hoje (Julho 2020) e considerando o custo anual de licença e manutenção, teriamos a seguinte comparação:

Facilidade de mão de obra treinada
Um aspecto importante é a quantidade de mão de obra disponível e treinada para cada alternativa. Aqui existe uma variação significativa em função da região. O Tecnometal parece ter uma força maior mais ao sul e o Advance Steel mais para o norte. Com isso talvez o gráfico abaixo seria mais exato se feito por região, mas não consegui dados suficientes para isso.

Facilidade de treinar novos usuários
Aqui soma-se a quantidade de cursos disponíveis e a qualidade do suporte técnico do software. Quando falo em cursos disponíveis estou incluindo os oferecidos por profissionais independentes, que no caso do Tekla por exemplo, são mais bem avaliados e procurados do que os oficiais. Soma-se também a facilidade de treinamento interno, quando um escritório já possui profissionais experientes o suficiente para treinar novos.

Conclusões e qual a tendência do mercado
O custo benefício do Tekla não é o melhor, só ganha do Autocad puro em 2D, mas porque ele é o mais usado?
- É exigido por algumas fábricas de grande porte que o utilizam para ajudar no planejamento de produção
- É o mais completo atualmente, considerando suas possibilidades de configuração, macros e uso de APIs
- Pertence a uma multinacional que apresenta melhorias consistentes e tem de longe a maior verba em marketing
Advance Steel: Principalmente pela dificuldade que os escritórios de projeto têm enfrentado em viabilizar financeiramente o uso do Tekla, o Advance Steel tem tido um crescimento consistente e vai se tornar uma ferramenta mais comum no nosso mercado.
Tecnometal: O Tecnometal sobrevive hoje mais pela tradição e pelo grande número de licenças ainda ativas. É fácil encontrar pequenas fábricas e escritórios de projeto que trabalham exclusivamente com ele. Mas a atualização do software não tem sido satisfatória, é um programa “pesado” e lento se comparado a outros e a tendência é continuar perdendo espaço para os grandes.
SDS/2: Muito forte nos Estados Unidos, demorou para tentar entrar no mercado brasileiro. Usado por algumas fábricas, tem usuários satisfeitos e convencidos de que é melhor do que o Tekla em muitos aspectos, notadamente na parte de cálculo de ligações. A SDS/2 está prometendo inovações nas próximas versões e se resolver entrar no mercado nacional, tem chances reais de ganhar espaço.
Qual o futuro dos softwares de projeto
Veja uma reflexão de como estaremos daqui a dez anos em relação aos softwares de projeto e nosso trabalho de engenharia.
Qual foi a opção da Techsteel para contornar o problema do custo benefício
Decidimos continuar com o uso do Tekla, para atender a exigência da maior parte dos nosso clientes e criamos o TSteel 3D, que recentemente está disponível no mercado. O fato de permitir rodar de duas a três estações do TSteel para cada licença do Tekla, reduziu nosso custo em software para 1/3 do custo inicial.
- Opção 1 : 4 licenças Tekla 4 x R$ 36.000,00 = R$ 144.000,00 / ano
- Opção 2 : 1 licença Tekla + 3 licenças TSteel 1 x R$ 36.000,00 + 3 x R$ 3.700,00 = R$ 47.100,00 / ano (aproximadamente 1/3 do custo)
O custo benefício fica melhor e nos permite expandir rapidamente o número de estações para trabalhar em um eventual novo projeto.
Atualmente, temos feito também os treinamentos que ajudam a divulgar o software e a criar novos parceiros prontos para colaborar com a gente em novos projetos. Ajuda também na formação de dezenas de novos potenciais profissionais na área de estrutura metálica, que carece de maiores oportunidades de treinamento e crescimento dos profissionais em início de carreira.
A aceitação do TSteel está muito boa, acima das nossas expectativas mais otimistas e existe um nicho de mercado novo a ser trabalhado com o lançamento da execução de desenhos de montagem, croquis e conjuntos, o que vai tornar o software uma alternativa completa de detalhamento.
Quais os próximos passos? A partir de 2021 as obras públicas precisam atender ao decreto do BIM e nosso software já está preparado para isso. Para o próximo ano pretendemos fazer uma conexão direta com o Revit e facilitar o processo de interação com as demais disciplinas.